Poder
Verbal
Wanderlino
Arruda
Seria
a
palavra
o
elemento
de
construção
mais
antigo
da
humanidade?
Seria
a
palavra-comunicação
a
primeiríssima,
partida
da
mímica
primitiva
de
nossos
já
distantes
ancestrais?
Como
teria
sido
realmente
o
primeiro
balbucio
do
ser
humano?
Que
tipo
de
tentativas
pode
ter
havido
para
fixação
dos
referenciais
entre
a
coisa,
o
ato,
a
idéia,
em
contrapartida
com
o
som,
de
um
lado,
e
a
significação
de
outro?
Digo,
honestamente,
que
não
sei.
Deve
ter
sido
interessante
essa
pequena
experiência
de
alguns
milhões
de
anos
até
a
plena
era
da
comunicação
verbal,
porque
a
comunicação
escrita
é
bem
mais
nova,
fruto
do
trabalho
de
avoengos
fenícios,
que
gravaram
na
pedra
os
primeiros
desenhos
codificados.
Tudo
um
mistério,
um
grande
mistério,
só
hipóteses,
só
perguntas...
Outra
coisa,
Josebel,
que
eu
gostaria
de
perguntar:
você
já
parou
alguma
vez
para
pensar
na
beleza
estrutural
do
processo
de
comunicação
entre
os
seres,
que
nós,
por
costume,
chamamos
de
humanos?
Tem
você
alguma
idéia
de
como
uma
criança
aprende
e
desenvolve
a
capacidade
de
falar,
de
transmitir
os
primeiros
recados?
Pode
imaginar
quão
maravilhosa
é
a
estruturação
do
mundo
mental
de
cada
criatura,
em
relacionamento
direto
com
o
de
todos
os
outros?
Já
pensou
quão
interessante
é
a
formação
desse
universo
ideológico,
formador
de
clãs,
de
sociedades,
de
povos?
Pense
um
pouco
nisso
tudo,
Josebel.
Pense,
porque
ao
pensar
você
já
está
colocando
em
prática
e
elaborando
um
precioso
processo
de
comunicação.
Agora,
você
me
pergunta:
para
que
preocupar-se
com
estas
coisas?
Já
não
basta
a
dificuldade
da
vida,
geradora
e
multiplicativa
de
outras
dificuldades?
Para
que
a
dissecação
de
sistemas?
Para
que
tantas
formulações
teóricas?
Saber
ou
não
saber
filigranas
do
funcionamento
melhora
a
vida,
aumenta
a
nossa
felicidade?
Pragmaticamente,
você
poderá
dizer:
dá
mais
“status”,
dá
ibope,
rende
juros
e
correção
monetária
no
conceito
cultural
e
social?
E,
mudando
de
parágrafo,
eu
respondo.
Respondo,
é
verdade,
com
menos
sabedoria
e
com
mais
humildade
do
que
faria
o
meu
amigo
Espinosa.
Cultura,
Josebel,
como
sorriso,
toda
hora
que
chega,
é
como
chuva,
é
como
dinheiro,
e
chega
em
boa
hora.
Cultura
é
coisa
de
valor
real
que
ninguém
nos
pode
tirar.
O
homem,
animal
comunicador
por
excelência,
única
ser
do
mundo
capaz
de
transmitir
e
explicar
conhecimentos
adquiridos,
vive
melhor
quando
racional
e
consciente,
quando
mergulhado
na
fé
do
seu
próprio
valor
e
na
esperança
do
seu
progresso
futuro.
Se
vivemos
em
sociedade
e,
como
dizem
os
colegas
da
crônica
social,
em
sociedade
tudo
se
sabe,
mesmo
não
sendo
“vip”,
uma
culturazinha
sempre
será
bem
vinda.
Afinal,
nem
só
de
pão
vive
o
homem...