Da última vez, falamos
sobre as funções
da linguagem, indicando
cada elemento da comunicação
e seu desempenho no contexto
e na situação,
levando-se em conta a centralização
do interesse e do objetivo.
Lembramos, de novo, que
os elementos do esquema
são exatamente seis
e, conforme Roman Jakobson,
o maior entre os estudiosos
do assunto, todos eles,
juntos, em parte, ou alternados,
disputam a predominância.
Aparecem como centro de
valor, ora a apelação,
outras vezes, a metalinguagem,
o contacto ou, simplesmente,
a linguagem poética
ou a referencial.
A primeira pessoa, a que
fala, a que expressa a emoção,
será sempre o eu
ou o nós, enquanto
a segunda, a com quem falamos,
o ouvinte, o leitor, o telespectador,
será sempre o tu,
o vós, adaptados
no você, no V. Exa.
A terceira, a que está
de fora, o ele, o ela, aquela
de quem falamos, será
sempre o ponto de referência.
Quem sou eu?
Quem é você?
Quem é ele? – todos
são perguntas que,
respondidas, aumentam ou
diminuem o interesse, o
peso do tratamento, a cerimônia
ou a afetividade, podendo
chegar até à
bajulação
ou ao descaso, uma vez que
vivemos no mundo do “quem
é quem”. “Sabe com
quem está falando?“
- tem sido uma pergunta
muito comum em nossos dias,
que nem sempre sabemos responder.
Quando alguém nos
faz essa pergunta é
porque não conhecemos
ou não reconhecemos...
Diz o que? Para se comunicar
bem é preciso saber
o que dizer e como dizer.
O que dizer, quase todo
mundo sabe. Como dizer são
outros quinhentos, talvez
o maior problema as pessoas,
porque é aí
que entra a dificuldade
da comunicação,
aí estão as
maiores deficiências.
O mundo está cheio
de quem não sabe
dizer e de quem não
sabe ouvir, motivo de brigas,
motivo de guerras, desentendimentos
de todos os calibres. Saber
dizer, informar com segurança,
falar com propriedade é
o maior desejo de uma pessoa
civilizada, maior mesmo
do que o de ter dinheiro
ou riquezas outras.
Com que finalidade? Sempre
que alguém fala alguma
coisa e com alguma finalidade,
com um objetivo, visando
a um alvo determinado. Fora
disso é conversa-para-boi-dormir,
é conversa perdida,
é conversa fiada.
O ato de falar, a distinção
maior entre o homem e o
animal, sempre deve resultar
em busca ou oferta de informação,
resultando sempre em coisa
proveitosa, séria
ou amena. A sabedoria popular
tem nomes pitorescos para
determinados tipos de conversa,
alguns bem interessantes:
bate-papo, troca de idéias,
conversa-de-pé-de-ouvido,
dois-dedos de prosa, confidências...
Quando a conversa é
boa, é papo-firme
e o conversador é
um bom-papo. Do contrário,
é conversa-de-quem-procura-chifre-na-cabeça-de-cavalo,
é papo-furado, é
conversa-mole.
Como ninguém escapa
de uma boa conversa, melhor
é que o leitor procure
logo aperfeiçoar
mais o seu papo, estudando
de novo, pesquisando, fazendo
boas leituras. Todo mundo
precisa de mais alguma sabedoria
que, no dizer do velho Salomão,
nunca ocupa lugar...
Comuniquemos, pois...
Wanderlino
Arruda