Wanderlino
Arruda
“Estilingue
azul
no
pescoço,
mil
sonhos
para
viver
com
você.
Correr
ruas,
assaltar
jardins,
criar
vidas,
ser
forte,
pra
te
tirar
das
armadilhas
e
te
livrar
das
emboscadas
e
te
falar
de
fantasias.
Na
hora
de
lutar,
meu
coração
se
entrega
todo
e
nesse
duelo
meu
revólver
é
aventura
clara
como
o
sol,
colorida
como
seus
olhos.
Já
me
acostumei
à
sua
ausência.
Mas
como
suportar
sua
presença
se
existem
correntes
de
ar
que
não
acorrentam
ninguém
e
um
balança
que
pesa
mais
para
um
lado
que
não
se
sabe
qual
é?
Não
vá
pensar
em
feitiços,
que
eles
não
existem
em
seu
espaço
de
vida.
Não
há
querer
definição,
porque
nesse
momento
nada
se
define.
Há
uma
denúncia
contra
você
em
meu
coração”.
“Quando
chegar
o
momento
escuro,
ou
a
luz
maior,
me
deixem
no
caminho
dos
viajantes:
serei
cruz
à
beira
da
estrada.
Ouvirei
passos,
vozes
que
falam
da
viagem;
verei
homens
que
bebem
café,
estranho
como
a
madrugada.
Não
participarei
dos
misteriosos
vôos
das
aves
noturnas:
amarei
o
sertão.
Ninguém
vai
notar
nada
na
falta
da
vida;
sentirei
o
calor
da
terra,
no
dia,
e
o
frio
vento,
na
noite.
A
mulher
bonita
me
tem
perseguido
em
todas
as
festas
para
as
quais
não
sou
convidado.
A
mulher
bonita
me
persegue,
quando
o
piano
toca.
Ela
persegue
o
meu
sonho
e
não
quer
me
abraçar.
No
domingo
quero
beijar
a
mulher
bonita,
mas
é
inútil.
A
semana
passa”.
“Todos
os
bares
estão
fechado,
todas
as
casas.
Está
fechada
a
cidade.
O
coração...
fechado
para
balanço.
Vou
viajar
para
uma
terra,
onde
tardes
e
madrugadas
se
confundem,
e
o
último
trem
já
partiu...
um
cachorro
late
para
o
nada
por
nada.
Nesses
caminhos,
onde
o
presente
é
silêncio,
o
som
da
fonte
imita
sentimentos
e
sangue
correndo
nas
veias
do
corpo
inteiro.
Aí,
o
coração
treme
de
frio
e
se
pergunta:
que
desejos
pode
ter?
Está
perdida
a
colheita
dos
sonho
e
tudo
que
digo
é
lugar
comum...
Venha
descalça,
me
encontre
na
esquina,
senta
no
passeio
até
eu
chegar.
Te
levo
uma
rosa
amarela.
Deixa
eu
olhar
pra
você,
deixa
eu
chorar
e
fumar
o
último
cigarro,
que
hoje
é
segunda-feira.
Me
beija
sem
eu
pedir,
me
mostra
seu
seio
esquerdo,
quero
ver
teu
coração”.
“Suba
devagar
essas
escadas
e
não
espere
um
sorriso.
Pisarei
de
leve
o
carpete
de
sua
casa,
quero
estar
no
seu
sonho
de
amor.
Há
palavras
que
poderei
ouvir
e
me
perdoa
que
eu
sairei
de
fininho,
quando
você
fechar
os
olhos
pra
dizer
alguma
coisa.
Me
dá
medo
precisar
do
seu
sorriso.
Fico
pensando
estas
paixões,
que
às
vezes
têm
apenas
o
sentido
de
existir.
Não
posso
negar
a
ternura
que
brota
em
mim.
Eu
queria
ser
apenas
mais
do
que
sou
agora.
Foi
necessário
o
tempo
passar
depressa
para
eu
crescer
sozinho.
Foi
necessário
a
mudança
de
uma
amiga
para
que
eu
entendesse
o
que
não
sabia.
Foi
preciso
estar
perdido,
pra
poder
me
encontrar
na
esquina
da
rua
Januária
e
me
sentir
feliz,
e
me
sentir,
de
novo,
criança”.
Tudo
poesia
pura
de
Estevinho,
Estevam
J.
Barbosa,
poeta.
Tudo
uma
bela
magia
de
ternura
de
alma
jovem,
feliz
com
a
vida.
Não
se
sabe
o
que
sobrepuja
no
livro
ainda
não
publicado,
se
inteligência,
se
sentimento.
A
musicalidade
de
uma
situação
de
canto
está
toda
presente,
do
começo
ao
fim,
simples
de
comover,
gratificantes
de
ler
e
sonhar.
Um
notável
esforço
de
partida
de
quem
ama
o
mundo,
gosta
de
viver,
sabe
ser
amigo
dos
amigos,
tem
gratidão
pela
própria
existência.
Bom
poeta
de
grafite,
agora
Estevinho
é
poeta
de
livro.
Bom
que
seja
assim,
natural,
colorido,
livre,
com
a
liberdade
de
tratamento
que
só
os
modernos
sabem
criar
e
têm
a
coragem
de
fazer.
Parabéns,
Estevinho
poeta,
os
que
vão
viver
te
saúdam!