Vivendo e aprendendo. A
cada dia sua experiência,
sua oportunidade. A vida
é uma escola. Na
escola não aprendemos
para a escola, aprendemos
para a vida. E isso é
muito bom, porque há
um longo tempo para terminarmos
o curso, podendo haver nova
lição até
a hora de embarcarmo-nos
para o outro lado da vida.
Talvez seja por isso que
há muito canudo do
lado de cá e alguns
diplomas do lado de lá...
A minha terceira vez é
outra coisa. É um
acontecimento inteiramente
novo, curioso, creio que
bastante cheio de emoções
gratificantes para o intelecto
e para o coração.
Uma nova experiência
internacional, no sexagésimo
sexto Congresso de Esperanto,
que será realizado
em Brasília, com
presenças de esperantistas
de dezesseis universidades
de todo o mundo, da Coréia
e da China e até
do Uruguai e dos Estados
Unidos, para não
falar do pessoal que virá
da Finlândia e da
Polônia. Vai ser muito
bom!
Se esta é a terceira,
é natural que houve
outras duas experiências.
A primeira foi em 1966,
em Portugal, em Lisboa,
com revoadas por Coimbra
e pelo Porto. Um congresso
internacional dos Elos Clubes
da Comunidade Lusíada,
um monumento em termos de
cultura da língua
portuguesa, com presenças
famosas como de Hernani
Cidade, Lindley Cintra,
Prado Coelho, Sílvio
Elia, os cobrões
da raça. Estudante
do segundo ano de Letras,
defendi a tese do Professor
Aires da Mata Machado Filho,
sobre a realidade da língua
brasileira e, por estar
no lugar errado, como perdi
bonito! Não era Lisboa
o correto sítio onde
defender uma língua
que não fosse a legítima
e de cepa portuguesa. Mas
valeu...
Vivi e convivi vários
dias com o prof. Hernâni
Cidade, que muito me ensinou.
Era ele a maior cultura
viva da época, em
termos de lusitanidade.
A segunda oportunidade não
foi tão longe, pois
foi aqui pertinho mesmo,
no Brasil, na cidade de
Teresópolis, com
todos os participantes falando
em português, embora
com grande diversidade de
sotaques, que iam dos conimbrenses
e lisboetas até os
abaianados de Montes Claros
e o do nosso amigo Joaquim
F. Rodrigues Correia, o
paulista-montes-clarense
da fala alfacinha. Em Teresópolis
também pude aprender
muito, obter valiosos esclarecimentos,
sentir a riqueza do nosso
patrimônio lingüístico
e a elasticidade gostosa
da nossa literatura. Nossa,
quero dizer do Brasil e
de Portugal.
Agora, tudo vai ser diferente.
O congresso de Esperanto
vai ser falado e ouvido
em uma língua artificial,
de todos e de ninguém
porque não pertence
a nenhum país. Uma
língua fraterna,
idealista, de cultura deste
século, dos nossos
dias. Vai ser mais difícil
por falta pessoal de domínio,
mas será, por certo,
um grande desafio. E como
tenho vivido todos os anos
da vida propondo e aceitando
tarefas, acabo encontrando
o que pensar, uma nova causa,
um motivo a mais de alimentar
a inquietude das horas.
Brasília, a cidade
sonho-realidade, o encontro
presente-futuro, haverá,
sem dúvida, de proporcionar
mais uma visão de
amor à vida.