Wanderlino
Arruda
Se
é
maior
do
que
a
de
Marrocos,
eu
não
seis.
Se
é
semelhante
a
um
mercado
persa,
não
posso
saber,
pois
não
conheço
nem
uma
nem
outra
dessas
feiras.
Mas
de
uma
coisa
eu
sei:
a
feira
de
Caruaru
é
ou
deve
ser
a
maior
do
mundo,
maior
mesmo
do
que
a
Feira
de
Santana,
na
Bahia,
um
respeitável
conjunto
de
gentes
e
de
coisas
espalhadas
por
uma
enorme
praça
e
um
emaranhado
de
construções,
envoltas
e
rodeadas
por
um
notável
barulho
de
sons
semelhantes
ao
burburinho
e
à
algaravia.
Diante
de
todas
as
outras,
mesmo
da
de
Teresina,
a
feira
de
Caruaru
merece
enorme
respeito.
A
feira
de
Caruaru
parece
aquelas
serpentes
chinesas,
de
papel
ou
não
sei
de
quê,
grandalhonas,
intermináveis,
sinuosas
e
tremelicantes,
que
nunca
acabam,
sem
começo
e
sem
fim.
Isso
mesmo,
uma
serpente
ou
um
dragão
chineses,
bem
colorido,
brilhantes,
de
mil
facetas
e
formas,
com
riqueza
de
pororoca
misturada
com
geometria
de
Serra
Pelada,
multidão
fervilhante
entrando
e
saindo
naquele
afã
de
vender
e
comprar,
um
tupiniquim
consumismo
independente
de
qualquer
plano
cruzado.
A
feira
de
Caruaru
é,
antes
de
tudo,
viva,
vivaz,
estuante
de
vida
e
entusiasmo.
Quanta
coisa
se
faz
na
feira
de
Caruaru!
Lá
pode-se
comprar
jerimum,
umbu,
macaco,
frango,
carne
seca,
farinha
de
mandioca
e
de
coco,
cestos,
panelas,
coités,
tapioca,
chaves
de
bronze,
litografias,
cerâmicas,
tapetes,
tudo!
Quer
consertar
um
relógio?
Quer
cortar
o
cabelo,
depilar,
experimentar
um
batom?
Deseja
fazer
uma
costura,
ajeitar
um
bordado,
esquentar
um
pedaço
de
carne,
comprar
uma
pena
amarela
para
fantasia
de
carnaval?
Até
se
você
quiser
uma
miniatura
de
uma
das
naves
Apolo
ou
de
um
esputinique,
não
tenha
dúvida,
vá
correndo
à
feira
de
Caruaru,
porque
lá
existe
de
tudo!
Roupas
de
cama
e
de
mesa,
enxovais
para
batizado
e
casamento,
jibão
de
vaqueiro,
fio
dental,
porta-seios,
sungas,
anáguas,
fitas
para
penteados,
cintos,
meias
de
homem
e
de
mulher,
meias
de
meninos
e
bebês,
tudo
exposto
à
venda!
Na
feira
de
Caruaru
pode-se
beber
e
comer,
pode-se
dormir
e
sonhar,
pode-se
andar
e
correr,
pode-se
até
ficar
parado.
É
um
espaço
enorme,
prá
ver
e
sentir,
fazer,
escutar
ou
ler
poesias
de
cordel,
ter
um
encontro
com
os
próprios
poetas.
Devoto
do
padim
padre
Ciço?
Milhares
e
milhares!
É
o
que
mais
tem!
Nesta
época
do
ano,
a
feira
de
Caruaru
tem
até
chuva,
água
vinda
do
céu,
milagre,
um
grande
milagre,
para
contrastar
com
o
sol
do
ano
inteiro,
ou
do
século!
Como
é
linda
e
gostosa
a
feira
de
Caruaru!